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A pergunta, que parecia improvável até pouco tempo atrás, voltou a ganhar peso no debate regional latino-americano e alvoroçou as ruas e a opinião pública de Caracas.
A mais recente ameaça foi divulgada na terça (2), quando Donald Trump anunciou que as forças americanas haviam afundado uma lancha que supostamente carregava drogas vindas da Venezuela. No ataque, 11 “terroristas” foram assassinados.
Será esta a primeira ação que indicaria uma invasão dos EUA ao território venezuelano?
Estudo da consultoria Eurasia Group sobre o massivo deslocamento militar norte-americano para as águas venezuelanas afirma que a dimensão da operação, que inclui sete navios de guerra, um submarino nuclear e aviões de reconhecimento P-8, vai além da justificativa oficial de combate ao narcotráfico.
O custo e o risco logístico indicam que Donald Trump recebeu na Casa Branca um cardápio de opções que vai de pura encenação até cenários de intervenção.
Não é a primeira vez que Washington mobiliza forças navais no Caribe contra Caracas. Em abril de 2020, Trump ordenou reforçar a presença militar na região, também sob a justificativa de que iria combater o tráfico de drogas. Então como agora, o objetivo era pressionar Nicolás Maduro a negociar sua saída. Naquele momento, o aliado dos EUA era Juan Guaidó. Hoje, é María Corina Machado quem lidera a oposição com o apoio explícito de Trump.
Há, no entanto, uma diferença crucial em relação a 2020: Maduro foi formalmente acusado de chefiar o chamado Cartel de los Soles, suposta organização criminosa comandada por generais venezuelanos. As forças armadas dos EUA receberam autorização para agir contra ele e contra grupos designados como terroristas. Some-se a isso o fato de que, após a fraude eleitoral de 28 de julho de 2024, Maduro está mais isolado, com menos aliados regionais, menos recursos e enfrentando um agravamento da crise econômica. Seu sustentáculo continua sendo a cúpula militar, alvo direto de qualquer plano de ação, externo ou interno.
O Eurasia calcula 40% de chances para uma campanha de pressão com ações limitadas, 30% de chances de mera demonstração de força e 30% de mudança de regime. Essa última hipótese se divide: 20% seriam via ataques seletivos contra alvos ou indivíduos-chave, capazes de alterar os cálculos de quem sustenta Maduro; 10% dependeriam apenas da pressão externa, algo menos provável, já que o cerco pode reforçar a coesão do regime.
No círculo de Machado, alguns acreditam que o deslocamento naval representa o empurrão final rumo à “libertação” da Venezuela. Outros são mais cautelosos: veem na ameaça militar um instrumento de pressão, não de guerra. O próprio Trump evita longas aventuras militares, mas deseja declarar vitória, o que torna plausível a combinação entre retórica inflamada e ações pontuais contra ativos estratégicos.
Recomendo o artigo do jornalista e analista venezuelano Boris Muñoz no El Pais, em que ele lembra que a fantasia de uma solução rápida repete ciclos de ilusões frustradas, como os de
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