Crítica | Apocalipse nos Trópicos (Netflix, 2025): observação sem confronto.

Data:

“Documentário ‘Apocalipse nos Trópicos’ aborda a fronteira entre religião e Estado no Brasil contemporâneo”

O filme “Apocalipse nos Trópicos” traz uma proposta ambiciosa ao construir uma cronologia de eventos políticos recentes entrelaçada por metáforas apocalípticas e flashes da teologia cristã no país, com crítica implícita à ascensão do fundamentalismo evangélico na esfera pública. A montagem ágil conecta décadas de imagens, registros e bastidores, desde pregações de Billy Graham até a retórica da “guerra espiritual” difundida por parte da atual bancada evangélica. A diretora, Petra Costa, revela-se como uma curadora cuidadosa, com acesso privilegiado a figuras como o presidente Lula e o pastor Silas Malafaia.

O longa, estruturado como um mosaico político-religioso, busca abranger uma diversidade de temas, o que acaba por não aprofundar questões essenciais, como a instrumentalização política da fé através de discursos apocalípticos evangélicos e o impacto da teologia da prosperidade entre a população mais carente. Ao optar por não confrontar diretamente essas estruturas, o documentário não estimula o diálogo, esvaziando seu potencial provocativo para os espectadores independentemente de sua orientação política.

Diante do desfecho sem uma conclusão clara sobre como o discurso evangélico moldou a ascensão da extrema direita no Brasil, “Apocalipse nos Trópicos” se revela um registro distante que contempla o apocalipse iminente sem explorar caminhos para evitá-lo ou questionar seus desdobramentos.

O que sabemos até agora

  • O documentário “Apocalipse nos Trópicos” aborda a fronteira entre religião e Estado no Brasil contemporâneo, articulando metáforas apocalípticas e crítica ao fundamentalismo evangélico.
  • A montagem ágil conecta décadas de imagens e bastidores, revelando Petra Costa como uma curadora cuidadosa com acesso a figuras importantes do cenário político-religioso brasileiro.
  • A falta de aprofundamento em temas cruciais, como a instrumentalização política da fé e o impacto da teologia da prosperidade, reduz o potencial provocativo do documentário, que termina sem uma conclusão clara sobre a relação entre o discurso evangélico e a ascensão da extrema direita no país.

📍 Ver más noticias sobre Cinema & Arte

Camila Almeida
Camila Almeida
Jornalista cultural apaixonada por gastronomia e eventos de São Paulo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe!

ASSINE

spot_imgspot_img

Popular

Veja mais
Notícias Relacionadas

CNU 2025: Prazo para contestar questões encerra nesta quarta-feira.

Candidatos do Concurso Nacional Unificado (CNU) têm até esta...

Perícia: Metanol adicionado em garrafas apreendidas em SP não é natural.

Perícia aponta adição de metanol em bebidas apreendidas pela...

Assad hospitalizado em Moscou após suposto envenenamento.

Ex-ditador sírio Bashar al-Assad é hospitalizado em estado crítico...

Matemática no Brasil: um balanço educacional e econômico.

Lula institui Compromisso Nacional Toda Matemática: Presidente assina decreto...