“Documentário ‘Apocalipse nos Trópicos’ aborda a fronteira entre religião e Estado no Brasil contemporâneo”
O filme “Apocalipse nos Trópicos” traz uma proposta ambiciosa ao construir uma cronologia de eventos políticos recentes entrelaçada por metáforas apocalípticas e flashes da teologia cristã no país, com crítica implícita à ascensão do fundamentalismo evangélico na esfera pública. A montagem ágil conecta décadas de imagens, registros e bastidores, desde pregações de Billy Graham até a retórica da “guerra espiritual” difundida por parte da atual bancada evangélica. A diretora, Petra Costa, revela-se como uma curadora cuidadosa, com acesso privilegiado a figuras como o presidente Lula e o pastor Silas Malafaia.
O longa, estruturado como um mosaico político-religioso, busca abranger uma diversidade de temas, o que acaba por não aprofundar questões essenciais, como a instrumentalização política da fé através de discursos apocalípticos evangélicos e o impacto da teologia da prosperidade entre a população mais carente. Ao optar por não confrontar diretamente essas estruturas, o documentário não estimula o diálogo, esvaziando seu potencial provocativo para os espectadores independentemente de sua orientação política.
Diante do desfecho sem uma conclusão clara sobre como o discurso evangélico moldou a ascensão da extrema direita no Brasil, “Apocalipse nos Trópicos” se revela um registro distante que contempla o apocalipse iminente sem explorar caminhos para evitá-lo ou questionar seus desdobramentos.
O que sabemos até agora
- O documentário “Apocalipse nos Trópicos” aborda a fronteira entre religião e Estado no Brasil contemporâneo, articulando metáforas apocalípticas e crítica ao fundamentalismo evangélico.
- A montagem ágil conecta décadas de imagens e bastidores, revelando Petra Costa como uma curadora cuidadosa com acesso a figuras importantes do cenário político-religioso brasileiro.
- A falta de aprofundamento em temas cruciais, como a instrumentalização política da fé e o impacto da teologia da prosperidade, reduz o potencial provocativo do documentário, que termina sem uma conclusão clara sobre a relação entre o discurso evangélico e a ascensão da extrema direita no país.
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